NÃO TENHA MEDO DE SE OLHAR NO ESPELHO E SE ACHAR ESTRANHO (A).

O estranhamento pode trazer em si o desígnio da redescoberta.

É preciso coragem para o invento de novas formas de se mirar.

Indagações e suspeitas são bem vindas, mesmo que aparentem não ter respostas.

Dentro de cada um de nós tem um pouco do poeta escondido.

E o poeta tem a missão do sonho, de criar e inventar tudo aquilo que não sabe.

O poeta pode propor caminhos, mesmo os aparentemente impossíveis de se trilhar.

Poesia é isso: desvendamento do inusitado.

Alumbramento de si mesmo.

Tristeza que sabe sorrir.

Todos nós somos um pouco estrangeiros dentro dos territórios internos que ainda desconhecemos.

Mas para explorar esse inóspito país de si mesmo, o poeta tem a vantagem do passaporte da poesia, o bilhete dos versos.

Viver é uma viagem sem termo, um eterno redescobrir-se.

Estranho mesmo é pensar que sabe tudo de si.

Não tenha medo de se olhar no espelho e contemplar esse ilustre desconhecido que é você mesmo.

Converse um pouco com esse estranho.

Faça amizade com esse outro que habita dentro de você.

Quem sabe possa nascer uma nova amizade?

Ame o estranho que habita dentro de você.

Ele pode ser um anjo.

E mesmo que não seja, não importa.

Afinal, poesia é a arte de se surpreender a cada instante.

(Para Kathleen Lessa e para todos aqueles que se olham no espelho

e conseguem vislumbrar a face da poesia)

José de Castro
Enviado por José de Castro em 20/05/2014
Código do texto: T4812913
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