Quadros de sangue e pingos coloridos

Escrevo agora por palavras que não escrevi, por erros que não cometi. Afinal de contas, o que eu posso fazer se no quadro em que minh'alma pintou com sangue a dor e a angústia, tu vistes um garotinho pintado com tintas coloridas. Como posso te proibir de ver em meu desespero, o teu desespero, mesmo que eu não conheça o teu nem tu o meu.

Para mim, minhas palavras não eram um espelho para refletir os vossos rostos, mas sim uma janela para minh'alma, porém o que eu não sabia é que minh'alma segura, firmemente, um espelho no qual se pode ver toda a humanidade refletida.

Portanto, quando estiver cansado da tua caminhada, eu posso te oferecer minha morada para tu descançares por um momento, porém apenas tu podes escolher onde descançar: em minha cama, minha cadeira ou em meu chão, pois a casa é minha, mas a dor da caminhada é tua, e apenas tu podes sentir o teu próprio sangue escorrer por tuas feridas.

Minha alma continua a pintar quadros de sangue, todavia há pingos coloridos em seus dedos...