Daltonismo

(prosa poética experimental)

Noite. Frio. Gelado. Névoa. Curitiba.

Passos do velho bêbado na calçada da Prudente de Moraes. Seis tragos à frente da humanidade. Rotina. Após o expediente brutal que condena à mediocridade.

Um cigarro mata-ratos pende do canto da sua boca. Curtas baforadas. Quase chegando ao seu descanso merecido. Nada de novo no front. As mãos vão aos bolsos do casaco de couro para tentar aquecê-las.

Não percebeu nada quando um pancada em sua cabeça o fez ir ao chão. Sangue na calçada irregular. Uma mão estranha na sua bunda. No bolso traseiro esquerdo da calça jeans rasgada nos joelhos. Sentiu sua carteira ser surrupiada. Tentou levantar não conseguiu. O corpo acusa o golpe. Vida em vão. O vermelho tinge as pedras do logradouro público. Um último suspiro. Muito sangue derramado. Expirou lentamente em frente de sua casa. Violência urbana por todo canto. Não conseguiu terminar o soneto que tinha deixado na tela do computador para sua platônica amada. Será que ela desconfiava?

Curitiba, 24 de junho de 2014, 19 graus célsius – Inverno.

Geraldo Topera
Enviado por Geraldo Topera em 24/06/2014
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