Viver Nem Sempre é Recordar

De todos que disseram entender Caeiro, acho que o que o mais entendeu foi o que menos admitiu e disse sê-lo.

Selo, de selar, de fechar mais uma vez a porta do passado e olhar de volta o futuro transladado. Transportado para quê? Cansado da miséria dos poetas mortos que só poetaram a dor que é fazer poesia, a dor de viver a vida noutro dia, entendo hoje, muito bem e melhor que ontem, porque Caeiro era (e ainda é) o grande mestre.

Se recordar é viver, então somos todos engolidos e (mal ou bem)assombrados por fantasmas do passado que não nos querem ver no futuro, porque o futuro mora longe e a alma residiria tão distante que seus tentáculos invisíveis jamais nos poderiam tanger, fazer crer que viver é recordar.