Esconderijo
A sineta tocou,
Mais uma vez.
Todos correm
Para os braços de seus pais
De suas mães.
Mamãe se atrasou.
De novo.
Ela me diz:
Brinque com os seus coleguinhas!
Eu a abraço suas pernas
Porque sou pequenino demais
E hoje,
Homem,
Ainda me sinto frágil.
No pátio,
Todos correm, brincam
Parecem felizes.
Eu não quero estar aqui.
Eu procuro um esconderijo.
E no meu cantinho,
Ninguém me vê chorando
Ninguém me vê assustado
Desejando desaparecer.
Eu só quero estar nos braços quentes e seguros
De minha mãe
Minha doce e protetora mãe
Que não veio me buscar hoje.
E que não irá voltar
Para me buscar
Nunca mais.
E até hoje o meu chão
É um lugar inseguro de pisar
E assustado,
Eu me isolo.
E sozinho a enfrentar,
Um mundo cheio de terror e castigo
Eu me refujo em meu cantinho
E ponho-me a chorar
Ali eu desapareço
Pra sempre,
Em meu esconderijo.