SOLITARIADO de: Osmarosman Aedo

Devo calar-me

Ante esse descontrole emocional

Mesmo entendendo suas razões...

Devo calar-me

Antes de ver sua agressividade

Tomá-la de assalto,

Como nesses últimos dias

Quando esperançado em obter carinho,

Nem em suas palavras conforto, encontrei...

Antes do amanhecer devo calar os pensamentos

Pois aturdidos, debatem-se nas chamas

Carentes dos sentimentos

Nesse aportável homem das cavernas.

Antes de outra oportunidade

Devo calar-me mesmo com o tapete que estendi

Pronto para sustentar seus pés de fuga,

À procura de túneis fechados

Que ousem lhe ultrajar... há luz no fim do túnel, sim...

Devo calar meus querer

Mesmo sabendo que escondem-se

Sob a sombra se sua alma;

Devo calar minha vontade

Cansada de por tantas vezes recuperar seu coração,

Para receber-me, sem a certeza

Que é você quem virá junto com ele;

Devo calar meus olhos

Pois de tanto tangerem aos seus

Quais luminosos estão sempre à beira do horizonte,

Já confundem gaivotas com você;

Devo calar meu corpo

Para não vê-lo desgovernado,

Invadindo corpos sem luz;

Devo calar minhas mãos

Qual poeta ao usá-las não faz outra coisa

Senão, descrevê-la em detalhes denominando-a musa

Numa insanidade tão abundantemente criativa,

Que ousaram perguntar-me: ONDE ENCONTRASTE TAL CRIATURA?

E são estas mesmas mãos mágicas

Que agora obstruem minha boca

Para calar-me diante do que ficou em mim, de você.