Pondera agora minha solidão

Sem as suas novidades banais

Contadas com tanto entusiasmo

O silêncio da casa, tornou-se angustiante

Passo noites em claro, e por hora,

Sinto falta do seu querer

Sempre pedinte...

Sempre pedante...

No incensário, num canto da sala

O bálsamo que você tanto gostava

Exala...

Misturado com a fumaça

Dos meus cigarros constantes

Um nó na garganta se ata

Um peso enorme sobre o peito desaba

Daí recorro sempre às velhas lembranças

Ah...só mais um cigarro

Enquanto revejo as nossas fotos de Santos

Só mais um cigarro...

Enquanto ouço a primeira música

Que dançamos...

Escarro!

Sinto um frio dos Andes

Debaixo do acolchoado

O olhar marejado...em virtude

Das tragadas incessantes

Enganar quem,eu quero?

Lavo a cara!

Enxugo-a com uma toalha

Bordada com as iniciais dos nossos nomes

-Meu Deus!

Mesmo morando em outra cidade

Sinto sua presença pelos quatro cantos

Agora...olha-me da estante

Em cada livro enfileirado

Página por página do que fantasiamos

Em cada vinil empilhado

música após música que desfrutamos

Em cada bibêlo empoeirado

Por ti comprado

O sinal mais claro

É dum sorriso irônico estampado

Estático

E às vezes até um gargalhar insano

Dos objetos por ti deixados

Quando ao soluçar...em meio às crises

Causadas pela sua falta

Enfatizo meu pranto

Marcelo Lopes
Enviado por Marcelo Lopes em 16/05/2007
Código do texto: T489393