Pondera agora minha solidão
Sem as suas novidades banais
Contadas com tanto entusiasmo
O silêncio da casa, tornou-se angustiante
Passo noites em claro, e por hora,
Sinto falta do seu querer
Sempre pedinte...
Sempre pedante...
No incensário, num canto da sala
O bálsamo que você tanto gostava
Exala...
Misturado com a fumaça
Dos meus cigarros constantes
Um nó na garganta se ata
Um peso enorme sobre o peito desaba
Daí recorro sempre às velhas lembranças
Ah...só mais um cigarro
Enquanto revejo as nossas fotos de Santos
Só mais um cigarro...
Enquanto ouço a primeira música
Que dançamos...
Escarro!
Sinto um frio dos Andes
Debaixo do acolchoado
O olhar marejado...em virtude
Das tragadas incessantes
Enganar quem,eu quero?
Lavo a cara!
Enxugo-a com uma toalha
Bordada com as iniciais dos nossos nomes
-Meu Deus!
Mesmo morando em outra cidade
Sinto sua presença pelos quatro cantos
Agora...olha-me da estante
Em cada livro enfileirado
Página por página do que fantasiamos
Em cada vinil empilhado
música após música que desfrutamos
Em cada bibêlo empoeirado
Por ti comprado
O sinal mais claro
É dum sorriso irônico estampado
Estático
E às vezes até um gargalhar insano
Dos objetos por ti deixados
Quando ao soluçar...em meio às crises
Causadas pela sua falta
Enfatizo meu pranto