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Estou órfã. Outra vez órfã. O coração empoeirado, sem paixões, abandonado. Quando criança, amei aos sonhos, quando adulta, amei à vida, e agora, que nem tanto envelheci, a vida me é como uma amante do passado, que já não me leva à loucura, nem à felicidade. Não me leva à parte alguma, não me leva à nada, senão às memórias. E as lembranças estão gastas, enjoativas... E são pesadas, tão pesadas que as arrasto, e me arrasto, e levo o peso dessa ex-musa pra todo lado, consumindo minha energia, perdendo a força do ama-la como pudera fazer noutro dia.

García
Enviado por García em 28/07/2014
Reeditado em 28/07/2014
Código do texto: T4899417
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