A LUTA É PELO QUE MESMO?

Era uma vez uma menina que na escola apartava a briga dos meninos durante o futebol e levava cada chute na canela.

No ensino fundamental era lider de turma e por vezes precisava concorrer com cada cara esperto - em todos os sentidos. Era o centro dos trabalhos e ganhava todo concurso de redação. Os meninos a aceitavam otimamente bem, mas as meninas se mascaravam pra aproveitar de seu coraçao de manteiga e ter seus nomes escritos na capa do trabalho ou ter exercicios de casa copiados.

No final do ensino fundamental a parada mudou... Mudou porque a menina apaixonou. Mudou dentro dela.

No ensino médio ela continuou lider de turma, de feiras, de projetos, organizava viagens com os melhores alunOs e nisso as alunAs já nem a chamavam pra'quele sorvete no domingo. No 2° ano ganhou o maior concurso de redação no Triângulo Mineiro e o rapazinho que ela havia se apaixonado também ficou com raiva junto com a maioria das outras moças. Fim.

Tudo mudou de novo... Porque a agora a moça, apaixonara-se novamente. Era metade do Ensino médio. Casou. No 3° ano estava grávida. Naquele ano ganhou 1 prêmio em Biologia de um projeto que ela fazia nas horas vagas, 2 concursos de redação em que um lhe rendeu uma graninha e ela viajou com o então marido. Sua formatura seria dia 21/12 - data que seu filho resolveu dar a carinha aqui no mundo. Com isso ela não foi à Formatura. Mas, sabe-se que durante o evento, seu professor preferido - o de português - recebeu por ela uma homenagem por "estudo e seriedade".

A agora mulher continuou disputando vagas com homens. Era por emprego, por lugar no ônibus, por justiça com reservas a deficientes, por crianças que necessitavam de vagas em creches, por iluminação na rua de sua casa (...)

Se divorciou. Quase morreu. Reviveu.

Continuou na luta e nas brisas. Nos concursos e nas risadas. Por algumas vezes sentou em mesa de buteco e teve muitas de suas mais inesquecíveis conversas com homens bêbados e inteligentes. Ela dançou muito. Tomou porre demais. E as mulheres, bom, desde lá no ensino fundamental já haviam a excluido.

Arrumou amigos fantásticos, alguns eram burrinhos e outros inteligentes pra cacete. Uns gay, outros tarado - e na primeira investida já provavam que aquela mulher não era qualquer uma.

Ela viajou.

Numa viagem a Uberlândia, numa roda de pessoas, onde ela conhecia somente um casal, todos falavam e palpitavam, ela entrona como sempre foi, se meteu. O assunto rendeu, e pode-se notar as mulheres se retirando da roda uma a uma. No fim era ela e mais uns 8 caras, discutindo, rindo, polemizando de assuntos que iam de política a pesquisas da NASA e sexo.

No mês passado essa mulher viajou de novo, agora pra mais perto de sua cidade. Sentou numa praça pra folhear um livro de psicologia que havia comprado, tava vidrada pois o queria ha tempos. Um carinha bonito, mochila, fone, sentou ao lado dela e quis ver que livro era. Dali chegavam amigos dele, e amigas também... interessantemente nenhuma amiga ficou no papo, entrosou no astral. No fim das contas eram a mulher, 6 caras estudantes em uma Federal, um belo fim de tarde e uma música massa tocando em caixinhas espalhadas pela praça.

Mulheres não gostam de seu estilo "all star mochila" de ser.

E ela não gosta que as mulheres tenham perdido o sentido da luta.

Se pergunta sempre:

Por qual direito elas lutam?

Elas sabem o que é feminismo?

Creio que poucas delas sabem... Pois por experiência própria, viu mulheres se mascarando, se odiando, retirando-se de discussões saudáveis - fosse na mesa do bar, na praça ou na escola.

Decidiu nem querer saber mais... Cansou.

Tomou certa birra de mulheres e vive histórias loucas com os amigOs.

Histórias de amizade.

Histórias de sinceridade.

Histórias de cumplicidade.

E com alguns...

Umas histórias de Amor e paixão.

A luta é pelo que mesmo mulheres??

Me perdi vivendo!

Angélica Vespúcio
Enviado por Angélica Vespúcio em 30/07/2014
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