Perturbado
Quando você for
Não feche a porta
Como o meu pai fechou.
Meu espírito não irá suportar mais
Outra rejeição
Outro trauma
E tanta dor.
Deixe-a aberta
Para o prazer e sobrevivência do meu único remédio
Para tudo isso que eu vivo:
Ilusão.
Eu vou acreditar nem pensar
Que você irá voltar
E que num iluminado dia
O seu sorriso abrirá essa porta
E me libertará desta infinita tortura.
Eu guardarei o seu lugar na cama
Com as nossas últimas lembranças
E em minha mente doente
Eu tentarei manter aquecido o nosso amor.
Ventos fortes sacodem minhas cortinas violentamente
Por um momento eu acredito que você está por aqui, escondido
Mas para as manchas de sangue em meu lençol
Eu te vejo em minha alucinação
E quando eu caio para o mundo real
Eu sinto o vento soprando contra mim
E me encontro entorpecido de dor.
A cada noite que chega
E suas pegadas nas escadas não ecoam
E o seu rosto não se apresenta
Eu me deito nesta cama fria
Que já foi calorosa de carícias
E adormeço em meu sono profundo
Esperando o seu retorno.
Quando você voltar
Tenha cuidado ao destrancar as portas umbrais
Da minha mente perturbada
Só você tem a chave para me salvar
De todo esse tormento
Só você tem o poder
De me libertar de todo esse sofrimento.
Meus olhos já estarão cerrados em minha escuridão
E o meu espírito já estará perdido nas sombras do meu passado
Então me toque com o seu forte e suave amor
E sopre em mim o fôlego da vida
E me ressuscite desta morte
Que de minha alma se apossou.
Não me beije enquanto eu não abrir os olhos
Ou ficarei preso as minhas eternas sombras de infância
Então espere eu acordar deste transtorno psíquico
Que só me faz prisioneiro de todas as trevas deste mundo.
E com muito cuidado
Me toque delicadamente
Pois estarei frágil e fraco
E não poderei emitir sequer um som.
Pois todos os demônios me roubaram a sanidade
E de mim, se afastaram todas as possibilidades de salvação.
E ao me deitar na cama
Onde me abandonastes
Eu sentirei o calor e o toque dos teus lábios doces
E ouvirei o cantar dos pássaros
E a luz se aconchegando em minha alma
Para o meu passageiro descanso.
Sem você amor,
Eu mergulho nas tristezas de minha melancolia
E sem forças para enfrentar esta morte que é a nossa vida
Eu não me enxergo em lugar algum
E deslocado eu me sinto deste mundo destruído
Pelas as mãos dos meus irmãos
Dos meus pais e meus avós.
Então pagamos o preço da nossa liberdade
E perdidos estamos pelas propagandas e pela publicidade
E nessa fórmula de vida eu jamais me vejo
Sendo servo de ideais suicidas
Para o fortalecimento da Economia e enriquecimento do Estado.
E como todo romântico
Eu me sinto pálido neste mundo de cores artificiais
De florestas pintadas em quadros
E mais uma vez eu tenho certeza:
Eu já estou no Mundo dos Mortos
Pois já matamos a Nossa Natureza.