PINTANDO O DIA
Matizes de um dia transparente
Na calada aurora: a bruma branca!
Iniciam as cores do infalível amanhecer.
Primeiro, o amarelo sol nascente,
O azul céu marítimo, o vermelho vivo do viver
Um pingo celeste no ardor ensolarado
Eis aí o verde importante e secundário
Denunciando com o píncel na tela preguiçosa
O prazer e dor de um artista
Tentando retratar o imaginário
A paleta inerte, pobre escrava da espátula
Espera a mistura certa, completa, a perfeita!
Anseia pelas cores secundárias
Terciárias e quaternárias
E louca, borra tudo pois pra isso fora feita
Aos poucos o branquinho tímido, busca a luz
Pois o feroz vermelho já havia queimado tudo
Botando a culpa nos azuis, tristes, calados
E os tons pastéis embaraçados, sem nenhuma atitude
Fogem pelas sombras, pelos cantos dissolutos
Ergue-se o crepúsculo alaranjado, o claro/escuro, enfim, brilha, reluz!
Pois é chegada a vez das matizes rôxas
Hora sangrenta onde tudo ou nada se define
E ai dos lilases e carmins esmaecendo a plenitude
O quadro e o dia acabam, anoitece, a tela é rôta…