Largo da Carioca, Largo do mundo

Era manhã e a música inescutável invadia os ouvidos dos transeuntes. Era manhã, mas ele tocava. E seu chapéu recebia: verdes,laranjas, douradas, prateadas. Estava sentado na boca do dragão subterrâneo. Pernas, mãos e braços saíam como um própio vômito: vômito social.

A alguns metros de asfalto e sonhos distantes, barracas coloridas e quase exuberantes, com medo de algum certo comandante, vendem sutiãs perversos à meninas quase debutantes.

Meninas debutadas, deputadas de partidos corações,partindo em meio a aurora levando moedas, prazeres, choros e contusões. Contusões socias.

Em frente a teus sinais, meninos sorridentes sem dentes jogam a vida em malabares aconchegantes vistos de dentro de um prata 2006 com ar condicionado. Pratas que saem de janelas pretas e prateiam a vida de um moleque, ou de um tráfico. Voltou a andar o tráfego.

Homens marchando marchas funebres, balançando porretes como de costume, dando terror a seus iguais. As barracas coloridas lá não estavam mais. nem as meninas, meninos, nem o dono da música inescutável. Agora a paisagem está limpa. Não toca mais jazz, tocam businas de Mercedes e Volks, businas anunciantes de terrores, ou mudanças sociais.