Duas metades de mim

Hoje, ao acordar, me pus a refletir sobre as dualidades que trago impressas na minha identidade.

Percebi que sou duas pessoas fundidas em apenas uma.

Mas, longe de mim ser contraditória, pois não sou, apenas descobri que minha personalidade se faz única no momento em que se juntam minhas duas metades.

Tenho um lado falante, que diz coisas sobre o mundo, que fala sobre a vida, sobre a dádiva de viver, sobre sonhos e projetos, frustrações, angústias, medos, ilusões e decepções.

Porém, tenho também, um lado que faz silêncio, que recolhe as palavras que estavam prontas para serem ditas e as leva para dentro, bem lá no fundinho da alma.

Existe um lado meu que compreende, estende a mão e apoia.

Mas existe outro, além desse, que pede compreensão, a mão e o apoio.

Possuo um lado que ama, gratuitamente, sem reservas.

E um outro que pede amor, gratuito e ilimitado.

Outra metade minha, que se destaca, é a que me faz mãe, incondicional, protetora, dedicada.

Mas, tão latente quanto essa, é a metade que me faz filha, carente e que pede proteção.

Há em mim um lado guerreiro, que me faz lutar batalhas, sem dar trégua aos obstáculos.

Mas, nem por isso, deixo de ter outro lado, que se retira da luta quando percebe que nem sempre ganhar é sinal de vitória.

Nesse meu momento introspectivo descobri, também, minha metade fraterna, aquela que me faz ser amiga em qualquer situação e, outra metade, que clama por amizade em qualquer circunstância da vida.

Tem aquele meu lado mestre que ensina, compartilha, mostra aonde se deve ir.

Todavia, há ainda, meu lado discípulo que aprende , recebe e pergunta aonde devo chegar.

Minha metade sonhadora se perde em devaneios, muitos deles utópicos, mas nunca deixa de sonhar.

Porém, minha metade realista, muitas vezes se levanta e me faz esquecer de sonhar.

Tenho, ainda, um lado que de vez em quando sente muito medo, se apavora e pensa muito em desistir, porém, toda vez que ele tenta emergir, todas as minhas outras metades se insurgem e o atiram de volta ao calabouço da minha alma.

Mas, há ainda, duas metades minhas que são gêmeas, daquelas idênticas, indistinguíveis, são as metades que me fazem ser transbordante de emoções.

Bete Tezine
Enviado por Bete Tezine em 25/09/2014
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