É necessário

Chove. É necessário. As colinas, ao longe, para os lados do sudeste, cobrem-se com sua manta plúmbea. A cascata de vapor pesado desce com vagar porque é necessário. O morro do Pão de Açúcar está guardado envolto em seu papel de nuvem e o do Corcovado esconde entre véus divinos os braços abertos sobre a Guanabara. Porque é necessário. Tudo é um choro só. Natural e necessário. As carregadeiras, ontem, prenunciaram essas lágrimas e desfiguraram, no jardim, os ramos do meu jasmim. Porque é necessário.

O coração do poeta, em sua visionária nuvem, assiste a tudo com singular tristeza, porque a natural melancolia, no poeta, é imprescindível.

Chove.

Há um choro em tudo.