O canto daquele pássaro

Hoje, logo de manhãzinha, eu me encantei com o cantar de um passarinho numa das árvores do meu quintal.

Eu bem sei que ali, no meu quintal, naquelas árvores todas, não havia somente um pássaro cantando... Mas, os outros eu apenas os percebia muito levemente, quase que só por intuição, só por saber que havia outros.

Mas ele, aquele era especial... Ele me fez prestar atenção no seu cantar... Fez-me gostar do seu cantar.

E tudo porque havia nesse seu canto uma tal vibração, uma tal vontade que ele me fazia imaginá-lo no galho em que devia estar, estufando o peito com tal força que fazia as notas do seu canto serem mais fortes, mais marcantes, mais maravilhosa do que qualquer outro.

Era como se ele estivesse brindando o momento de vida dele e de tudo o mais de vida que estava à sua volta.

Se eu pudesse dizer que a felicidade tem uma forma, uma cor, um som, eu diria que ela estava, naquele momento, ali, personificada nele e no seu canto.

Procurei-o com meus olhos por entre as árvores e as folhas das árvores, até encontrá-lo.

Para minha surpresa não havia nada de especial nele. Era um pássaro que por suas formas e cores não chamaria a atenção.

Mas, quando se o escutava no seu canto ele se tornava especial a quem se dispusesse a ouvi-lo.

Eu pensei: "o que, exatamente, o fazia tão especial aos meus olhos e sentidos, senão a sua simples presença e força de vida?"

Sim... Ele era apenas um pássaro sendo exatamente e o melhor possível, apenas um pássaro... Sendo, exatamente e o melhor possível, apenas, o que a vida lhe reservou e sentindo a felicidade que esse simples entendimento traz!

Não há nenhuma coisa que seja melhor do que a simplicidade de existir simplesmente!