Meu Pai...

Meu pai...

Ainda criança e me embalava nas ladainhas bíblicas

Sempre presente nas minhas longas madrugadas de insônia

Invocava os anjos para que guardassem meus sonhos

E contava histórias como ninguém

Pois trazia muita bagagem das suas andanças.

Meu pai...

Um homem sério, de alma singela, coração gigante,

Nunca media esforços para ajudar os outros,

Dividir era seu lema de caridade e de dedicação

Entregava-se sem medo a todos que nele depositava suas esperanças.

Meu pai...

Seu violão, a poesia que corria livre nas varandas das noites

E a juventude foi só alegria pelas ladeiras de Minas

Suas canções jamais esquecidas ao ritmo dos boleros que compôs para sua amada

“Rema, rema, remador... meu amor está tão longe e eu preciso chegar...”

E assim ele chegou e viveram o amor por cinquenta anos.

Meu pai...

De amizades fartas, de alegrias ébrias, de fé inabalável

Os melhores amigos partiram antes dele, alguns ainda insistem por aqui

Pois não imaginam a farra que fazem lá do outro lado,

O inesquecível “Dom Pedrito montado num burrico, fumando um cigarrito”

E “De Colores” para as boas lembranças que a minha saudade trouxe hoje!

Denia Dutra
Enviado por Denia Dutra em 03/10/2014
Reeditado em 03/10/2014
Código do texto: T4985934
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