Meu Pai...
Meu pai...
Ainda criança e me embalava nas ladainhas bíblicas
Sempre presente nas minhas longas madrugadas de insônia
Invocava os anjos para que guardassem meus sonhos
E contava histórias como ninguém
Pois trazia muita bagagem das suas andanças.
Meu pai...
Um homem sério, de alma singela, coração gigante,
Nunca media esforços para ajudar os outros,
Dividir era seu lema de caridade e de dedicação
Entregava-se sem medo a todos que nele depositava suas esperanças.
Meu pai...
Seu violão, a poesia que corria livre nas varandas das noites
E a juventude foi só alegria pelas ladeiras de Minas
Suas canções jamais esquecidas ao ritmo dos boleros que compôs para sua amada
“Rema, rema, remador... meu amor está tão longe e eu preciso chegar...”
E assim ele chegou e viveram o amor por cinquenta anos.
Meu pai...
De amizades fartas, de alegrias ébrias, de fé inabalável
Os melhores amigos partiram antes dele, alguns ainda insistem por aqui
Pois não imaginam a farra que fazem lá do outro lado,
O inesquecível “Dom Pedrito montado num burrico, fumando um cigarrito”
E “De Colores” para as boas lembranças que a minha saudade trouxe hoje!