Sobre os trilhos da desilusão

Os dias passam como paisagens cinzas vistas de dentro de um trem em movimento, sem sinal de outras cores que me abriguem. Meus olhos, também cinzentos, deixam rolar algumas lágrimas produzidas pelo vento e meu corpo absorve todo o frio desse vazio, que é a ausência daquela companhia que aquecia, que coloria e fazia a viagem valer a pena.

Conturbadas as sensações, um turbilhão de emoções sucumbem à indiferença vigente, perpetuada em horas iguais e sem o menor sentido. E no vão dos pensamentos descarrilados, nenhuma ideia vinga a semente do que fora plantada e esquecida em algum ponto dessa férrea saudade. Maldito pesar desgovernado. Um misto de amargura e ansiedade, despropósitos, banalidades.

As noites passam feito as cortinas abertas balançadas pela brisa úmida de uma tristeza solitária e infinita. As certezas abandonam a razão e o que se deita a meu lado nesse imenso vagão é a inércia mórbida e involuntária, tomando espaços que não me cabem, comprimindo minha existência nessa tediosa constatação.

E assim segue o trem dos meus dias, sobre os trilhos da desilusão...

ALVARO MONTEIRO VILLAS
Enviado por ALVARO MONTEIRO VILLAS em 05/10/2014
Reeditado em 05/10/2014
Código do texto: T4988326
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