Misantropia ser ou não ser, ou, que frescura é essa

Uma das coisas mais estranhas e contraditórias que carrego, e, sinceramente, não sei dizer se sim ou não. Misantropia é, a priori, aversão aos seres humanos, e nutro uma estranha fé por essa coisa chamada humanidade, também compartilho do desejo de que esse planeta seja um paraíso para todos, e não paraíso para poucos e todas as faces do inferno para a maioria, e, novamente falo sobre o que é esse blog, estou a trocentas horas sem dormir e minha parte podadora esta mais calada, logo a escrita pode surgir, mesmo que saia patinando sobre essas estranhas linhas. Talvez esse seja o espaço de rascunhos que um dia, mais maduro, possa retrabalha-los, anotações na geladeira para reconstruir um corpo fragmentado. E, talvez, o melhor de mim esteja no processo de recolocação de cada peça, de reconstruir uma memória de uma unidade que jamais existiu. Estou cansado e hipersensível, e com vontade de chorar. Cada vez mais sinto que fantasmas fogem de debaixo do tapete e me assombram. E, mesmo exausto, sinto que é hora de começar a tecer a linha de Ariadne desse ser solitário que nem mesmo eu entendo. Durante o único mochilão que fiz lembro, com nostalgia, das noites dormindo sozinho em quartos de hotéis estranhos, de passar 4 dias fumando cigarro e observando o Titicaca, de me encontrar frente ao abismo no Vale de la luna e chorar diante de traumas ressimbolizando-se. De procurar um canto vazio em Machu Picchu e nele dar as mãos para a vida novamente. Sim os encontros humanos foram incríveis, mas o que de fato importava foi no só e mundo. Sou sozinho, embora, muitas e muitas vezes busque o contrário disso. Ou essa solidão é um polo de tensão que é impossível, ou extremamente sofrido, ignora-la. Lembro de um personagem perdido de Dostoiévski falando que é capaz de amar infinitamente a humanidade, mas incapaz de amar um humano. O humano, em abstrato, não amo, já me soa aversivo ao longe. Amo humanos que posso construir pontes, que posso ser solitário juntos. E impelido por uma estranha necessidade, na verdade sobre bases de uma tristeza e faltas viscerais, a necessidade da máscara da sociabilidade, e ela foi bem construída, até demais. " Quando quis tirar a máscara estava pegada a cara reconheceram-me por quem não era não desmenti e perdi-me" Grandes paixões se apaixonaram por tal máscara, e, quando quis tira-la, já era tarde, fui traído pela própria máscara construída. E foram poucas pontes, e muitas implodiram, com máscara e resto. Lembro de um comentário de um amigo, num momento em que eu estava em erupção dessa coisa que chamamos vida, e sai socializando geral. O comentário foi: é impressionante sua capacidade de interagir, e a solidão que transparece quando você acende um cigarro e olha para o nada.

É a primeira vez que examino em escrita essa tensão, esse texto é, só, o lampejo de muitos outros, de qual máscara sou.