Apenas isso...

Quando eu olho para o Sol, começo a sentir muitas coisas cheias de calor.

Ele se mostra a mim e eu simplesmente o vejo e sinto calor e isso me basta.

Eu não penso no seu significado.

Eu não penso em como seria a vida em meu planeta sem a luz do Sol.

Sem a sua claridade.

Eu não penso em como seria a vida sem o seu calor.

Apenas olho para ele.

Apenas sinto calor.

Eu não o penso como uma obra de Deus.

Quando a chuva cai, eu não penso nela como água que eu bebo,

que mata a minha sede;

nem penso nela como elemento que viabiliza minha higiene pessoal,

a higiene dos alimentos que eu como.

Penso nela apenas como chuva.

Esqueço-me do seu papel na fecundação da terra.

Não penso nela como vida.

Eu não a penso como obra de Deus.

Sei perceber e sentir o vento quando há vento para eu sentir;

Agrada-me o seu toque suave e gentil em todo eu,

muita vez trazendo frescor ao exagero do calor.

Sinto-o e agrada-me e, no entanto, não agradeço por existir;

Sinto-o e agrada-me, mas não o penso como emissário da vida;

Como aquele que leva as sementes da vida de cá para lá e de lá para cá;

Sinto-o e agrada-me, mas não o penso como coisa de Deus.

Eu olho e, no entanto, não vejo as coisas com nitidez.

Não as vejo com realidade.

Eu sinto, mas, não o suficiente.

Eu tateio as coisas, sinto-as pelo contato com minha pele,

sei até o que são e para que servem;

sei, inclusive, se são boas ou ruins;

mas, ainda assim, não é suficiente.

Ainda assim, eu não percebo que são as coisas de Deus para mim.

Eu penso em Deus e digo acreditar n’Ele.

Penitencio-me diante das coisas que,

minha crença e minha fé me dizem serem importantes,

e esqueço-me de realizá-las

e no final esqueço-me de venerar as mais simples

e as mais concretas obras que manifestam a existência

e presença de Deus em mim e fora de mim.

Quando eu olho para meu irmão eu o vejo;

Se tocar nele eu o sinto;

Mas, verdadeiramente, não o olho e nem o toco com amor;

Então, também, não o vejo e nem o sinto com amor.

Não porque não o ame, mas, apenas porque anda não sei que o amo;

Que necessito dele tanto quanto a vida necessita de mim para se expressar!

Talvez, talvez agora...

Sim, é bem possível... Talvez...