'' MINHA ALMA NA PALMA DA MINHA MÃO ''

....ouço uma música

'' ....tentei partir, fiquei.....''

Parei o que estava fazendo e fiquei ouvindo e a música parecia que era para mim....eu que um dia tambem tentei partir fiquei...e fiquei por que?, por covardia que não foi, muito menos por acomodação...apenas fiquei, mas foi difícil, foram tempos duros e solitários, os dias ainda eram assim assim mas as noites...ahhh!! as noites!!! quanta solidão!!!..durante o dia ainda o trabalho me distraía, me dava um pouco de alento e fôrça, mas quando a bôca da noite escancarava sua '' goela '' negra e escura ai eu sentia frio, arrepios e calafrios...sentia a falta de um corpo quente, morno que fosse, para ajudar a me aquecer, um pouco que fosse, um pouquinho só, nem que fosse apenas a sola do meu pé...que nada!!! muitas noites coloquei tijolos quentes embrulhados em velhos jornais, outras noites, muuuuiiiitaaaas noites, meias aquecidas no forno, e depois de as vestir cobria com papel aluminio, mas tudo isto de nada adiantava, o resto do corpo, a mente principalmente, continuava com frio, arrepios e enormes calafrios...que sofrimento!!!.

Tentei partir, fiquei,...fiquei e aguentei o inverno ''brabo'' da minha vida..veio a primavera, o verão e de novo começou o outono anunciando um novo inverno que diziam seria de novo '' brabo'', eu já sentia frio antecipado, arrepios acumulados e calafrios desenfreados, e uma tarde chuvosa e fria de julho o frio me trouxe de novo o calor, a vida...desde o momento que eu dei um encontrão, eu não, minha sombrinha se chocou com o guarda-chuva do amor da minha vida finita e foi assim que minha vida se tornou infinita, eterna...antes não, antes era finita, tinha tido um começo, estava tendo um meio e logo logo teria um fim...mudou tudo aquele encontrão no frio e na chuva lá na Rua Barão...ele, o meu cavaleiro cavalheiro veio montado em um guarda-chuva preto, velho e rasgado...guardo até hoje bem guardado os culpados de tanta felicidade....minha sombrinha toda colorida, velha e surrada bem abraçada com o velho e roto guarda-chuva preto, e ela, minha sombrinha, me sorri contente toda vez que abro o armário, eu pisco para ela, ela me retribui e com um movimento dos olhinhos vivos me aponta com a cabeça o lindo-feio-maravilhoso guarda-chuva preto que já está ficando meio cinzento...mas não tem importãncia, penso eu, porque o homem, o dono do guarda-chuva, tambem está ficando '' grisalho''...que lindo!!!....e eu que um dia pensei em partir,.... fiquei....ainda bem!!!....ainda bem!!!....

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AMELIA BELLA
Enviado por AMELIA BELLA em 29/10/2014
Código do texto: T5015976
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