O muro dela

pichei muitos muros por onde passei.

em alguns escrevi frases de efeito,

noutros apenas desenhei,

teve até aqueles em que só assinei.

mas chegar em frente teu muro

percebi que estava completamente pintado

uma pintura velha, sem cor,

com uma assinatura que mal dava pra ler.

fiquei parado olhando pr’ele,

pensando no que fazer

para apagar todas as marcas

pintadas em sua extensão.

foi ai que percebi

que não tinha o direito de apagá-las.

toquei sua campainha

pedi que abrisse a porta

e, ainda com muita tinta pra usar,

sugeri que pintasse seu muro de branco,

não pra esquecer o que outros pintaram,

elas sempre estariam ali, marcados,

eu apenas queria começar uma nova arte,

só queria começar do zero.

Gonzaga Neto
Enviado por Gonzaga Neto em 16/11/2014
Reeditado em 16/11/2014
Código do texto: T5036770
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