O muro dela
pichei muitos muros por onde passei.
em alguns escrevi frases de efeito,
noutros apenas desenhei,
teve até aqueles em que só assinei.
mas chegar em frente teu muro
percebi que estava completamente pintado
uma pintura velha, sem cor,
com uma assinatura que mal dava pra ler.
fiquei parado olhando pr’ele,
pensando no que fazer
para apagar todas as marcas
pintadas em sua extensão.
foi ai que percebi
que não tinha o direito de apagá-las.
toquei sua campainha
pedi que abrisse a porta
e, ainda com muita tinta pra usar,
sugeri que pintasse seu muro de branco,
não pra esquecer o que outros pintaram,
elas sempre estariam ali, marcados,
eu apenas queria começar uma nova arte,
só queria começar do zero.