[Inter]cambísta

Reprimidos sentimentos são estes,

Íntegros, inteiros, concretos,

Cimentados e caiados por lágrimas brancas;

Em cima da casa de dentro,

O cubo de aço semiaberto entorta,

Sabes lá o que ele suporta?

De frente aos olhos cansados desta cota,

A grade bege lembra algo inacessível,

Perdido nas contorcidas memórias amassadas;

Camadas de um eu permanecem latentes,

Incomodando o doente e tremulo pássaro,

Asas cortadas de uma Fênix em chamas;

A cerâmica cinza pinta o tempo,

Dilacera o momento e turva a visão,

O vermelho pulsa e vivo ainda sangra o coração;

Céu negro desmaiado em pequenos diamantes,

Véu trôpego e constante,

Imagens repetitivas;

Os degraus de uma escada rolante que não rola,

As cadeiras de balanço sem molas,

Os sofás da sala de tv desgastados;

Um latido e um miado,

A portuguesa a criar o seu urso de arame,

Intercâmbio no tatame a dar murros na razão;

O amor sorrateiro vai chegando verdadeiro,

Cada vez mais caseiro, cada vez mais fauna e flora,

De joelhos a alma implora: Jura que sou única;

Amo-te mesmo, menina,

Da arte dirigirás minha sina,

Da música serás mestra em meu dó...Ré, Mi, Faça-me feliz.

Fernanda Valencise
Enviado por Fernanda Valencise em 21/11/2014
Reeditado em 21/11/2014
Código do texto: T5043220
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