Carta Noturna

Meu amor

Eu poderia te curar

ao menos tentar, se você o permitisse

sua dor me faz em pedaços,

seu anestesiar lento da vida me faz penar,

vê-lo sucumbir em tortura e pesar

poderia ser diferente, eu sei.

A vida tem sentido?

Você sente o mesmo?

Será suficiente?

Porque não achamos a resposta?

Porque não podemos procurar um sentido?

Nos conectamos. Seria um sinal?

Se a vida é uma aventura porque não se jogar?

Eu não vou deixar de sangrar,

porém estou viva para pulsar.

Porque fui sentir assim?

Porque justo por você?

Porque tanto ardor, tão surreal fantasia?

Você existe e é mais real que tudo que já vi

ou enlouqueci?

Tão a flor da pele.

eu não posso te tocar,

você não se permite afagar

porque tão fria longitude,

se de longe já sinto seu respirar?

Se meia chance eu pudesse ganhar

mil vidas poderia esperar.

Porque tanta sintonia se é incapaz de me amar?

eu não quero te possuir

não cabe a mim

sua negação me fez em carne viva

ainda em agonia lancinante

me arrastarei, irei viver

minha alegria maior será te ver feliz,

ainda que distante de mim

sei que um dia você vai ser algo muito maior

sei que num novo tempo você voará alto,

com outro alguém.

eu vou ver de longe,

chorar um rio de sangue

por não ter sido comigo

do ego abro mão, só quero presencia-lo vencer

vou secar por dentro, vou morrer

mas ao te ver brilhando vou renascer

aceitar meu infortúnio longe de você

vou ser plena ao te ver feliz,

porque será o fim de seu pranto em meus sonhos,

e talvez a paz finalmente me viesse

no resto de meus dias,

tão cheios de nada,

tão distantes de tudo que quis alcançar,

o mais perto do amor que pude chegar,

tão longe do tudo que sonhei

seguirei meus dias sós, consternados

tão imensamente vazios,

tão ausentes de você.

Helena Dalillah
Enviado por Helena Dalillah em 08/12/2014
Reeditado em 17/08/2020
Código do texto: T5063133
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