Este meu querer sem ter
Penso demasiado e sinto em dobro. Não sei se a saudade me ralha ou se ela embala este meu querer sem ter, com os seus mistérios indefinidos que me definem sem explicação e orientação.
Desisto até de mim mas não desisto de ti. Acompanha-me de perto, esta incerteza de saber que eu não sei direito os porquês, o de não compreender todas as coisas com a perfeição das palavras inteiras. Quanto mais deslinda-las. Só sei que renasço e desfaleço no aglomerado de mim e do que sinto, e mais não consigo decretar.
Eu desisto! E só me amparo, inibida nesta melancolia, como se fosse uma nuvem , que vai dançando ao som do vento e das marés sem livre arbítrio e escolha. Sinto que eu e tu somos uma multidão a sós. E não, não sei domar esta saudade tua e nem tenho lógica nem explicação para tanta saudade. E não sei me expressar com a naturalidade que este amor exige. E não sei de tantas outras coisas e as suas razões e se isto tudo que escrevo basta para que me faça entender. Eu só sei o que sinto e que este amor me circunda. Ele é o dono do meu coração. A razão que causa a minha emoção. Só ele a interpretação do grande amor. Só ele preenche o vazio dentro de mim. Só ele o motivo do rombo na alma. Só ele tem o requinte audaz de dois amantes que dançam até sem a música... o saber que esse amor existe em mim é o mais importante. O ele existir e fazer parte da minha vida, fazendo-me assim, incompletamente completa e absurdamente incoerente. E ainda assim perceber que esse amor é plenamente correspondido, é algo que não dá nem para se explicar com a perfeição das palavras inteiras … Penso demasiado e sinto em dobro. Não sei se a saudade me ralha ou se ela embala este meu querer sem ter, com os seus mistérios indefinidos que me definem sem explicação e orientação.
04\11\14