Minha cama

"Meu pobre leito! Eu amo-te contudo!

Aqui levei sonhando noites belas;

As longas horas olvidei libando

Ardentes gotas de licor dourado,

Esqueci-as no fumo, na leitura

Das páginas lascivas do romance..."

(ÁLVARES DE AZEVEDO)

Rosada e fragrante ela me aguarda toda noite com um sensual e lânguido sorriso capaz de derreter o mais frígido dos corações.

Deito-me em seu macio e acetinado colo, que mais parece uma nuvem, e deixo-me enlevar por seu perfume de lavanda. Gentil amada, quantas vezes não secaste minhas lágrimas, quantas vezes não me amparaste em minha própria loucura, quantas vezes não foste a confidente de meus pueris sonhos! És a única que pode unificar todos os meus amores perdidos em teu corpo, e por isso só posso ser feliz quando durmo em meio a teu abraço.

Ah, minha cama, única que julgo digna de chamar de "minha esposa", quando eu for um poeta que valha mais que a roupa do corpo, haverei de dedicar-lhe um desses melosos e românticos sonetos tão em voga, que faça com que todas as outras camas (e até mesmo as mulheres) tenham inveja de ti.

Galaktion Eshmakishvili
Enviado por Galaktion Eshmakishvili em 15/12/2014
Reeditado em 15/12/2014
Código do texto: T5070892
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