O solteirão

Tiitão

Iguále fuirmiga pa-trabaiá

catava lenha todo dia pramode cuzinhá

A chuvinha fina da madrugada aquele dia o terrêro moiô

mais a labuita du fugão nada afetô

A paia fria

o fogo ainda atiçô

condo a cara na boca du fugão

Tiitão botô

Cas-mão na iscadêra a anca invergô

Incheu di-are-us puirmão

di tále foirma quias batata dus-zói

inté regalô

Soprô, soprô, soprô

Di tanta insistênça

in'meio a cinza di transantonte

brasa pra atiça o fogo

Tiitão achô.

O tição durmidô

qui trêis dia havia quêmado

ainda feiz: fejuada, mocotó, vaca-tolada

coisa de matuto pra macho divera

gente animada

Pra cumpretá a ciata

e alegrá as criançada qui nus finár de semana o visitava

apruveitava o fogo atiado

fazia doce de figo, de leite, marmelada e uma gamela chiinhazinha de goiabada.

Tiitão era home divera

sanfonêro dus bão

honesto e trabaiadô

rezadô de fazê jijum e guardá

dia santo

Nunca cunsigui intendê

pruquê in-meio a tanta fartura e organização

Fruta, carne, verdura e quitanda

Vazia ariada

barro branco nas parede e bós-di-boi virdinha no chão

Imperava naquela vida a solidão

Tiitão dizia apriciá uma tále donzela

vivia falano nela

mai-nunca casamento arriscô

Se era verldade num sei

pruquê pra nóis ninguém, nem nome, o sortêrão jamais apresentô

Eu cá, penso qui era coisa da sua cabeça

uma discuirpa carquér

só praqui nóis num ficasse juirgano

quêle num fosse chegado nu bicho

chamado muié.

Mandruvachá
Enviado por Mandruvachá em 02/02/2015
Código do texto: T5123234
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