PERNAMBUCO E MARANHÃO

A marca da firruada

de semana passada, ainda

tava inchada.

O batente num pudia parar

Já cedo, de madrugadinha

O balangar da guiada

fazia tanger as argolas

Carga feita, arroxada

In'arripios pernambuco aprumava

e puxava

Maranhão ritrucia in'rabanada

Isprivitado, acumpanhava.

A junta de boi rumpia tudo

Chuva, barro, buraco, sóle,

o peso da carga e da

ignorânça du carrêro

Rumpia... inté qui um dia

na vorta do buquêrão

Pernambuco indureceu as junta.

Prostô.

Pernambuco trimia

batia as pata, soprava frôxo

e babava

Sem força pra levantar

só mixia difato pruquê

o cumpanhêro tentava arrastar.

Maranhão bufuva

rifugava

Diante da mardade do carrêro

qui firruano o lombo do parcêro

deitado

nome feio ainda xingava.

Tem coisa ca -gente

num isquece

Hoje dispois de trinta e dois ano

Carrego comigo na mente

A imagem dos bois trelados

na vorta do buquêrão

Pernambuco e Maranhão.

A cruiz alí fincada, ficô

como a ponta daquele ferrão

cravada

na tábua du-meu coração.

Mandruvachá
Enviado por Mandruvachá em 11/02/2015
Reeditado em 05/03/2015
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