Os loucos

Os loucos divagam perdidos em pensamentos diferentes. Flutuam sobre a realidade sabendo que podem ir além. Podem compor belas sinfonias, pintar belas telas ou escrever os mais lindos versos. Sabem que pelos labirintos escuros da mente está escondido o paraíso das cores, das coisas belas. E por esses caminhos se perdem e se encontram num jardim tranquilo que habita em seu ser.

Loucos possuem a sensibilidade de sentir além, de entender diferente, de não querer entender nada, pois a loucura lhes basta. Fazer viajar constantemente por trilhas desconhecidas e não perceber que existe um dom, a pura sensibilidade que lhes traz a paz, traz o conflito, a dor, aquela que sufoca a alma, diminui o ser, o faz pequeno, incapaz de poder viver. Então somente em sonhos os loucos sabem que essa melancolia tem vida, tem poesia, tem uma razão.

Não há momentos normais, pois a normalidade limita, e a expansão de sua alma, de seu ser está na própria loucura. Está em não ver com os mesmos olhos dos normais, está nesse delírio inconseqüente, nessa linha tênue do imaginário. O que se pode descobrir, o quanto pode se enxergar longe, de uma forma profunda toda especial até mesmo o simples da vida e mostrar o quanto é belo nem que seja por um instante ser tomado pela loucura.

Para que se ame intensamente, para que paixões brotem a todo instante e se possa sentir a beleza dos sentidos apurados, do coração acelerado, do peito leve, da alma sorrindo, transbordando sentimentos contraditórios e assim, como os loucos, sentindo de forma sublime, talvez possa perceber o que é viver intensamente.