Inspiração do Claustro.
INSPIRAÇÃO DO CLAUSTRO.
Seminário de Arujá, lá estava eu jogado entre as largas paredes de pequenos tijolos vermelhos, no corredor imenso e silencioso, seminaristas iam e viam de cabeças baixas com suas longas batinas arrastando pelo chão.
Lá estava eu com o coração dividido, de um lado era a divindade na carreira eclesiástica, já do outro lado, a lembrança latente daqueles belos olhos, daquele ser quase angelical, a formosura de uma forma feminina que me encantava e tirava a paz.
Lá estava eu,
A meditar na escuridão noturna,
Rabiscando na tela do pensamento,
Meus versos de amor juvenil.
Lá estava eu, por fora a batina negra de um aspirante ao sacerdócio, por dentro, um poeta aprisionado, uma alma apaixonada lutando para libertar-se. Na tabua do coração eu escrevia meus toscos versos de amor, sem tinta e nem papel, solitário a luz do luar e ao brilho das estrelas do céu de Arujá.
A mesma lua e as mesmas estrelas que testemunharam aqueles momentos e aqueles versos ao vento é a mesma lua e são as mesmas estrelas que testemunham as palavras que agora escrevo.
Hoje são apenas lembranças,
Que ficaram esquecidas na memoria,
Tudo passou e muito mudou,
Apenas o amor ficou perdido no tempo.
Aqui estou, arrancando do baú da minha memoria, esta singela lembrança, hoje já não rabisco toscos versos na tela do pensamento como outrora, o poeta esta livre, colhendo em cada pétala de seus sentimentos, a doce inspiração de cada palavra, de cada verso em cada poema que escreve.