THE END

Fiz um embrulho de papel e fitas,

escondi do peito, face e olhos, essa boca imensa da saudade

que aos poucos engoliu a seco tudo que já passou.

Chovia fininho enquanto meus passos apressados corriam,

minhas mãos tremiam no frio ameno daquela manhã anoitecida.

Chorava como aquela garoa quente num misto de dor e alegria,

não sei se havia alma ou apenas euforia.

Passei no guichê das vozes, atropelei transeuntes,

com passagem só de ida,

ali, já não havia mais vida.

Peguei tão docemente o embrulho, dessa saudade arraigada,

que de tão bem guardada, esqueci-me onde coloquei.

“Achei tudo aquilo tão decente, que escrevi no vidro embaçado,

num livro do(ido) tão eloquente THE END”.