Belo Inferno

Eu tenho percorrido ruas escuras

Ouvindo fantasmas passados

Me perdendo em medos sombrios

Medo de viver

Medo de perder

Medo de cair novamente

Medo de ser.

A manhã anuncia uma angústia

A morte trágica de todos nós

O verão já não traz mais o mesmo sol

A loucura corteja minhas lembranças.

Cansado de representar

Cansado de ser só mais um

Eu caminho perdido em meus sentimentos

Assombrado por sombras diurnas.

A minha vida tem sido uma fraca resistência

Perder e aceitar

Cair e levantar

Se machucar e sorrir.

Eu não sei ser assim

Eu não consigo respirar

A farsa coletiva me asfixia

A frieza, a indiferença

Me atropela e me nocauteia.

Um dia a mais é uma bagagem pesada

Um mês deixa marcas no espírito

Um ano é de matar e suicidar-se

A vida real é uma mera ficção

Daquilo que sempre fomos

Uma continuação da eterna desilusão

Do que não somos por covardia

Animais medíocres sedentos por aceitação.

Almas podres cheirando mal o céu

Espíritos rasteiros enfeitando o nosso belo inferno.