A Luz nas Sombras
No momento em que nasci
O céu se abriu de luz noturna
Eu carreguei as impressões sombrias
Por toda vida, nas costas.
Andei por cima de cemitérios esquecidos
Onde a morte sussurrava em meus ouvidos
"A vida é uma causa perdida.
Eu sou a única verdade nessa selva. "
"Fuja daqui antes que você se torne mais uma pedra."
Vivi buscando respostas
Nos livros, nas marcas,
Nos braços de desconhecidos,
Em meu espírito adoecido.
Sombras vivas eram os meus sonhos
Sempre me guiando pela fresta
Às vezes castigados,
Caíam desiludidos.
Uma vez castigados,
Eram humilhados,
Despidos de dignidade
E sepultados em meus pensamentos.
A luz, fraca e pálida
Sempre parecia estar perto
Eu enxergava o seu brilho cansado
Em meio a tantas trevas,
Eu clamava por liberdade
Entre todas essas pessoas presas.
Escravo sem opção da minha subjetividade
Destilado em sensibilidade
E destruído por causa do meu meio
Eu implorava pela luz da noite
Pelo brilho escuro do luar.
Respirando fantasmas passados
E revivendo feridas inquietadoras
Eu me vi desaparecer de mim mesmo
Eu ignorei todos os meus anseios
Eu quebrei todos os espelhos.
Não conseguindo dormir
Eu não alcançava o ritmo das minhas palpitações
Sem ar, acreditava ter chegado a grande hora
A claridade me assombrava
A escuridão me sustentava.
Elevado em dor e sofrimentos
Eu me senti o jovem Werther
E quis expulsar de mim
Qualquer sombra de lucidez.
Minhas necessidades eram muito mais
Do que este miserável mundo poderia me oferecer
Minhas paixões, muito humanas
Demasiadamente impossíveis de se realizar,
Concretizar.
A minha alma implorava a minha consciência
Pela desistência desta tentativa insana
Mas na última brasa de uma esperança em chamas,
Se encontrava um intenso desejo de viver.
Foi quando eu encontrei você
E toda a dor fez sentido
As marcas viraram páginas
Destes personagens destruídos.
Este lugar na existência
Sob o cheiro que há em seu peito
Me faz vibrar em prazer e alegria
E a esperança a cada dia, se renova.
Agora vivo uma grande história
Pois uma história de um ser só
É por demais triste
Quando a alma nasce sob o sol escuro.
E livre deste eterno torpor
Eu me entrego em teu corpo
Esculpido de amor e dor
E eu que achei que havia chegado
O fim da minha triste história,
Mal sabia que ela somente começou.