Angústia

Alguém me diz o caminho de volta?

Eu estou passando por ruas vazias

Estranhas em minhas entranhas

Eu estou em um lugar desconhecido

Sem lar,

Sem afetos,

Sem amigos.

Nunca passei por aqui antes

Meus gritos não emitem nenhum som

Eu me sufoco neste descontentamento

Eu não posso mais voltar pra casa.

Entorpecido,

Eu me entrego.

Não há sorrisos verdadeiros

Minhas lágrimas são sufocadas

Eu disfarço e me rendo

Meu falso sorriso testemunha

A imensa dor aqui dentro.

Eu só quero encontrar o caminho

Que me faz sentir que estou seguro

Um atalho para o final deste filme

Que tece o meu destino trágico

Ou um rastro do meu paraíso queimado.

Tenho tentado há muito tempo

Enquanto me esvazio por completo

Descobrir o segredo da alegria das crianças

Ou encontrar o campo da inocência perdida

Numa fumaça esquecida de esperança.

Aqui estou eu,

Perambulando em esquinas vazias

Cheia de almas condenadas

Acorrentadas por suas diferenças

Induzidas ao esquecimento.

Essa estrada se parece com uma cova

Onde todos os covardes imploram

Para que eu e outros diferentes

Se exilem em banimento.

Essa estrada é contaminada

Pela falsa claridade celeste

A verdadeira luz é a que nasce da sombra

Do pó que tu vieste.

Desde que aprendi a andar

Essa estrada vem me assombrar

Ela foi a única via que pude ver

A falsa verdade obscurecida

Pelas ações suicidas

De todos que gostavam de me prender.

É a maldita angústia que me persegue

E que a alma ainda ressente

Não sei até quando resistirá

Talvez ela não precise respirar sempre.

Não sei encontrar o caminho de volta pra casa

Não sei se algum espírito empobrecido

Me ouve, me abraça ou fica contente

Não sei se alguém aqui neste mundo

Ou neste maldito momento,

Verdadeiramente me entende.