Ambigüidades

Uma vez me perguntaram o que é o amor. Resposta? Não sei. Cientificamente, dizem que é um banho de feniletilamina que o cérebro descarrega ao ver um determinado alguém - efeito conhecido como “borboletas no estômago”. Psicologicamente, é definido como a sublimação de nosso primitivo instinto de preservação da espécie - como se fosse necessário distinguir o único animal reconhecidamente racional de seus irmãos selvagens através de uma mente mais refinada, mais delicada e menos movida por arroubos puramente físicos.

Existem, porém, aquelas almas mais inspiradas que dizem que o amor é o mais sublime dos sentimentos, através do qual não se hesita em perder a vida pelo determinado alguém supracitado. Nisso, o amor se iguala a um instinto, não obstante nobre; opõe-se, de certo modo, à razão fria e preservadora, pois a abnegação às vezes não nos é nada saudável.

Será? Um sentimento com tantas facetas que já foi alvo de tantos ensaios e poemas, que já foi herói e vilão, já foi vida e morte, nobre e sujo...

Pensando nisso, creio que o amor talvez não passe de uma invencionice de contos de fada; uma Estrela-Guia longínqua e inalcançável. O que não é necessariamente um defeito. Aliás, nada é irremediavelmente um defeito. Se nós aprendêssemos isso, ao menos... quantos erros de julgamento seriam evitados...

Sim, o Amor é um destino impossível. Mas em nossa vida, parece que mais valem os percalços do caminho do que o destino em si. Não o atingimos, certamente: entretanto, nosso percurso fica gravado em nossa memória. O que tiramos de experiência dele? Varia de cada alma; normalmente arranjamos companhia, pelo menos. O que fazemos com ela? O que ela faz conosco? Se pudéssemos prever, talvez não perseguíssemos tão ansiosamente a Estrela-Amor... ou talvez não demorássemos tanto a iniciar por nossa busca...

A Estrela D'Alva. Vênus. Ishtar. Tantos nomes... tantos idiomas... e no fim, somente uma força que guia os corações humanos à felicidade ou à ruína... uma sensação ambígua e envolvente que nos dilacera os corações e nubla nossa mente.

Minha razão que me abandona nos momentos mais críticos por causa de uma voz, de um toque, um olhar apenas... um bálsamo? Uma tentação...

Sim... mais um texto que aborda o Amor sem, contudo, acrescentar nada. Como se fosse possível... deixemos, pois, o Amor envolto em seu véu... talvez seja aí que resida seu perigo... e seus encantos...

Menkalinan
Enviado por Menkalinan em 07/06/2007
Reeditado em 10/06/2007
Código do texto: T517662