Não Acabarei de Lapidar Tua Lembrança?!

Não Acabarei de Lapidar Tua Lembrança?!

Delasnieve Daspet

A pedra bruta não cede,

Não se transforma!

Recorto-a.

Cinzelo no modelo indecifrável!

Quebro, arrumo, desarrumo,

Neste nada que o vazio não preenche...

Já tenho as mãos feridas!

Vou além de minhas recordações.

A saudade não fenece...

Transformou-se em doce calor de dor,

Pirilampos dançando no olhar...

Quem sabe onde irá meu vôo?

Escreverei - até que da pena já não cante a porfia,

E quando o cinzel já não consiga esculpir,

Na talha criarei...

Volver o olhar para o alto...

Contemplar as estrelas da hora matutina,

Acompanhar o erguer do sol

Em profusão de cores!

Não acabarei de lapidar tua lembrança?!

Ouço as palavras... Ouço!

Mas o coração não entende... Compreendes?

Na fímbria do tempo perpassa, repassa, transpassa...

Transcende, transforma, transmuta

O pesado silêncio dos dias....

Armazeno a água mas não seguro as ondas!

Na terra, água, no ar, no fogo,

Mudanças diárias imperceptíveis...

No éter, em todos os planos da consciência cósmica,

Atávica, em mim,

Sempre a tua sombra companheira!

Campo Grande 25 de abril de 2007

Delasnieve Daspet
Enviado por Delasnieve Daspet em 07/06/2007
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