Quimera da Alvorada
Jorge Luiz da Silva Alves



    Outra xícara de café. Chuva fina iluminando a manhã de terça-feira, outono que se apresenta choroso por um sol que deu adeus sem ao menos deixar uma lembrança em minha pele de fantasma dos trópicos. Tipos e tamanhos desfilando sob morcegos protetores até os esquifes-de-transporte, conformados e enlatados consumidores que desafiam a lógica do corpo, da alma, e do respeito, partem para mais uma sessão diária de desrespeito profissional no país das falcatruas e enganações - e todos pagam caro para tanto... Outra xícara de café, puxo a cadeira da varanda e, às cinco da manhã, sento e observo o subúrbio acordando embaixo de chuva fina e cortante, coadjuvantes importantes de um sistema que introduzem nos neurônios mais resistentes, a ideia enganosa de que um dia seremos todos ídolos adorados e respeitados, como os de nossos anos de felicíssima ingenuidade.

http://www.jorgeluiz.prosaeverso.net
Jorge Luiz da Silva Alves
Enviado por Jorge Luiz da Silva Alves em 27/03/2015
Reeditado em 27/03/2015
Código do texto: T5185220
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.