as minhas mãos,
quando as levar,
terão a impertinência
de se saberem vivas e livres
e donas de si mesmas
 
minhas mãos serão escrivãs
dessa tanta musa em ti
um dueto que seguirá
as partituras de tua pele
ou cegas a tatearem
as poesias em teus arrepios
 
minhas mãos, se o merecerem

     percorrerão em ti 
          o menor desejo que libertares
          o menor suspiro que cantares
          o menor rubor que aqueceres
 
     encontrarão em ti 
          a fêmea, que me faz macho
          a mulher, que me faz homem
          o tesão, que me faz vivo 
          o gozo, que me fará deus.