Falando da morte

E de repente a gente fala em morte, e todos já pensam que no mínimo a gente está tentando se matar ou está com depressão; aguda, claro.

Não necessariamente; é que a gente verdadeiramente está a par de que irá chegar a nossa vez, sem escapatória.

E assim passam os dias, alguns nem se lembram dela e vivem estupidamente a desafia - lá, outros a ignoram, talvez por achar que não serão nocauteados pela mesma, e outros ainda lhes dão as mãos, na realidade já se sentem mortos vivos.

O tempo passa, às vezes até parece lento, mas as horas seguem impiedosas.

Quando a gente se dá conta, já acabou o dia, a semana, já é outro mês.

O tempo não para e nem espera as dores cessarem. Em alguns momentos, ele não é gentil o bastante para aguardar a tristeza transformar-se em saudade, tampouco padecente.

O tempo é como as pessoas, sempre correndo. Com ele, na mesma batida, seguem, em novos e velhos costumes, mudanças. E se adapte quem quiser; quem puder ou quem for forte.

E a senhora do destino está a esperar a gente, a qualquer minuto desses, estranho isso!

Talvez ela nem espere o próximo minuto ou amanhã chegar, muito menos a realização de sonhos em longo prazo. Ela sempre alerta que tudo passa rapidamente. Só que a gente nem dá bola para os sinais.

A senhora do destino não é preconceituosa, não olha cor, sexo,classe social e muito menos idade, mas o tempo dela; ela faz questão.

E de repente a gente se põe a pensar:

_O que realmente fiz nesse tempo todo?

_E as palavras boas que guardo para dizer em uma próxima oportunidade? Porque não criá-la agora.

_E os abraços?

_ E as desculpas? Talvez não seja tudo, mas alivia!

_ E as pessoas de quem gosto, sabem disso? Qual o sentido de sentir e não dizer?

São tantos os questionamentos. Mas o que assusta mesmo é “cair em si” de que a gente não é imortal e a gente pensa que só acontece com os outros,

E a gente erra sempre, vai chegar a vez da gente sim. Inevitável; não há outra passagem a não ser pela morte, pelo desaparecimento da matéria da qual a gente é feito.

Talvez até reste uma lembrança, alguém sinta saudade não mais que isso.

É perturbador, mas é fato.

Não tem muito a fazer só o desejo simples de que a gente viva bem cada instante.

Uberlândia MG

Raquel Ordones
Enviado por Raquel Ordones em 15/04/2015
Código do texto: T5208103
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.