Devorado

Mais uma vez você vai

Sem se importar com o que vai restar

Com a dor que eu vou ter que enfrentar.

Não sei se preciso disso

Já não sei se devo falar

O meu silêncio já não expressa muito?

Eu nunca quis ficar em primeiro lugar

Mas nunca desejei ser o último

A quem você recorre

Para alimentar sua miséria de existir

Sua decrepitude de estar.

Espero que não volte

Eu não preciso mais

Eu sei que o tempo cura (será?)

Eu sei que devo me amar mais

Senão quem vai me valorizar?

Espero que você encontre o seu esconderijo

Para habitar os seus fantasmas e os seus medos

Eu não posso mais me paralisar

Ignorar todos os meus desejos

Eu sou uma resistente ação

Sou a sombra em movimento.

Você se assombra com o que eu digo?

Há muito mais aqui dentro

Você quer ser aceito?

Prepare-se para imobilizar

Todos os seus membros.

Sua voz será calada

Seu espírito queimará

E em cinzas,

Você não vingará

O seu desejo de acobertar

Os seus verdadeiros desejos.

E como múmia você irá caminhar

Entre monstros carniceiros.

E entre todos você será identificado

Como um a mais na massa

A ser devorado.