Morada

Eu estou contando as minhas estrelas escuras

Só para ver se a minha solidão se vai

Eu estou sendo abafado por tudo

Eu espero que a grande luz me liberte

Antes que minha vida se esvazie

De tudo que aqui se esvai.

Eu me lembro do céu azul e límpido

De algum modo ele se foi

Me lembro do sol me aquecendo

De alguma forma, hoje ele está tão frio.

Nesse deserto solitário

Nunca encontrei a minha paz

Nos dias nebulosos

Nunca encontrei um lugar

Que eu encontrasse a chance

De sorrir sem ter que chorar por dentro

Sem ignorar a morte lenta que a vida me traz.

Nessa guerra eu não hei de vencer

Neste mundo eu nasci pra perder

Pra ganhar é preciso se esconder

E eu quero respirar

Eu não quero mais paralisar os meus órgãos

E mais uma vez,

Me perder.

Então eu finjo

Minto e disfarço

Só para alcançar o pico da montanha

E de lá enxergar todo o descaso

Planejado para nos matar aqui embaixo.

E de cima eu enxergo

A desgraça e a miséria

Da qual ninguém será polpado

E já não sinto pena.

Eu ergo minhas asas e saio a voar

Assim eu me encontro com as minhas apagadas estrelas

E sobre as nuvens cinzentas o meu espírito faz a sua morada.