Profissão de fé
Não faço meus poemas por dinheiro ou prestígio; tais efemérides já deixaram há muito de me interessar. "Vanitas vanitatum", como já dizia o Sábio Rei.
Cada um de meus poemas é uma oferenda que deposito a teus pés, ó minha musa; um salmo que vem das profundezas de minha alma.
Talvez os enxergue apenas como pedaços de papel, mas por trás daquilo que vês apenas como palavras frias escondem-se fragmentos de meu coração, e misturado ao que aparenta ser apenas tinta de uma simples caneta está o sangue rubro, inflamado e pulsante de meu coração; minha essência vital, doses de minha alma. Pode não ser muito, mas é tudo que tenho.
Sempre haverão poetas de maior fortuna e fama que eu; ao passo que morrerei pobre e desconhecido, à margem da sociedade e até mesmo de meus companheiros, como sempre suspeitei que iria. Mas não trocaria o sorriso e as graças de minha musa, que são o melhor pagamento que alguém poderia me ofertar, por quaisquer vaidades que estes escritores de meia-tigela da atualidade se vangloriam de ter.