Dia morno

Dia morno. Ainda anteontem encarava a imensidão puramente azul e enxugava o suor da ausência de nuvens. Não só abafado como profunda e inconvenientemente desagradável. (Corro para casa.) Ontem, o dia morno. Abro as janelas e um acúmulo de nuvens marrons se mostra a mim. Ameno. Anteontem, a amplitude e o irrespirável ar abafadiço do meio da tarde; ontem, o ocioso e aprazível soprar da amenidade. Hoje, com as gotículas geladas da chuva e o ar frio que sopra pelas minhas janelas fechadas, percebo que ando a reparar demais no clima. Talvez essas análises tragam como título o tédio. Ou... ou o fato de que minhas sensações e vontades influenciam no "sentir exterior", deixa perpetuado que a instabilidade é vizinha, ou prima, ou irmã da minha natureza. Quiçá eu mesma me vista de instabilidade quando o frio e a chuva que tanto me agradam se tornam invisíveis a minha má vontade de abrir as janelas. Unicamente nesse dia. Hoje. O hoje diz pouco em relação ao ciclo abafado de amanhã ou ao ameno de depois de amanhã.