A Estrangeira
A menina de olhar velho, cansado e perspicaz, observava, absorta e muda, o
movimento das águas sob a ponte. Estava lá abandonada ao risco da solidão e do silêncio maiores que o mundo. Sentia-se uma estrangeira e, pensando bem, não poderia ser diferente, pois nem ela mesma se conhecia. Tentava encontrar, em vão, uma tênue diferença que fosse entre ela e Meursault, de Camus. Mas os braços do vento beijaram-lhe a face com o otimismo do Dr. Pangloss, de Voltaire, e o novo olhar da menina sorria com brilho e esperança na busca de si mesma.