Desfigurada

Desfigurada como um quadro de Picasso; era assim que a coitada disse estar.

Para ela, tudo o que foi prazer tinha se tornado um fardo quando o desejo não mais existia.

Não sei. Sua desfiguração mais parecia com o expressionismo: faltava liberdade, espontaneidade e outros.

Não entendo de pintura, mas deve ter sido algo assim.

Afinal Picasso não era nenhum santo, acho que suas pinturas, no fundo, tinham algo a ver com sua personalidade.

Quem sou eu para dizer.

A pintura se expressa na superfície onde ela é produzida, com pinceis e tintas.

Porém, quando o desejo não mais, existe pouco se pode fazer com pinceis e tintas. Será?

Às vezes as pessoas se desfiguram e esta desfiguração não se pode comparar com certas coisas.

Ela deve ser comparada com a realidade vivida, com o momento, com a falta de toque, com a falta de liberdade, com a falta de espontaneidade ou mesmo com a falta de dois.

Sim, de dois.

Dois em um só.

Afina, ninguém é perfeito: O que seria da cor amarela se só existisse a azul.

Sérgio A Dâmaso
Enviado por Sérgio A Dâmaso em 27/05/2015
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