SINTA-XE

As palavras fogem de mim, como se meus músculos estivessem enrijecidos ao cansaço, um sorriso que vê apenas silêncio. Nas ruas gritei, fui cor e luz, mas hoje a música toca e não sente; a cor pinta, mas não vive; os olhos brilham, mas são lágrimas. Os sonhos engavetaram com gosto na boca de um café amargo.

O que faço aqui escrevendo palavras bobas em um diário de bordo, onde a bússola leva apenas a rotas trançadas em retalhos?

-Há muito trabalho a fazer, volte a si.

Será se estou em mim? Não me deixe virar horas, nunca gostei de relógio, apesar de estar usando um.

Deite aqui, vamos observar as nuvens, deixa a tv de lado um pouco, preciso respirar o que sobrou de mim.

A poesia acabou, o vento embaraçou as palavras, a poeira ensurdeceu meus olhos, a sinta-xe desavessou-me o paladar.

Peço-te, apenas o acaso.

Yana Moura
Enviado por Yana Moura em 29/05/2015
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