BENÇÃO
Sua benção meu pai
Sua benção minha mãe
Parados no portão
E eu de mala na mão
Passos lentos pra estação
Um beijo minha avó
Sua benção meu avô
Abençôo teu trabalho
Se é que tenho tal poder
Se não puder
Em agradecimento
Peço à natureza que o envolva
Com o calor suave da terra
O odor do orvalho, do carvalho
A chuva que lacrimeja
O cheiro ácido dos galhos úmidos
Tuas lições inda ecoam
Mãos hábeis de lavrador
Me ensinavam com ações
Sem discursos nem sermões
Meu caminho delineado por você
Meus passos se distanciam
Agora pisam estradas distantes
Veredas que vão dar no infinito
Onde moram minhas dúvidas
Minhas parcas certezas
Os amores que tive
E os que ainda terei