Último pedido de um condenado

Arranca de mim os sonhos que insistem em confundir minha mente, mal-aventurada sorte que ligou meus passos aos seus.

Desditosas lembranças e ecos de outros tempos que vibram em meus ouvidos, tal qual uma canção agourenta, trilha sonora de minha loucura. Repudio o coração traiçoeiro que insiste em me abandonar, vezes sem fim, por qualquer vã ilusão.

Fujo do mal que me persegue em corrida desabalada. Que tola! Não se despista o inimigo que mora no peito. Mas insisto, me canso e me lanço vencida ao chão

Sou o mal e a cura. O médico e o monstro. Vênus e Marte. Deusa e pecadora. A fera e a fera, não há bela para mim. A beleza perdeu-se para estes olhos que não mais veem esperança.

Murcho qual flor no calor do deserto, enquanto floresces feliz e altivo, afrontando minha derrocada com seus novos amores. Cruel algoz que és, nem a dignidade de uma morte rápida me dás, mata-me pouco a pouco para assistir enquanto me debato e luto pelos últimos suspiros.

Liberta-me se um dia me amou. Apunhala este coração partido com suas frias palavras, seu olhar indiferente. Diz-me enfim: Acabou. Rasga em pedaços o resto da alma que me mantem viva. Tira-me a vida, se já não tenho o coração desertor. Tu já não o queres e ele (coração) já não me quer.

Rogo agora, mata-me eterno amor.