dialogo filosofico (depressão em questão)

(homem)

¬__ Mulher como posso eu, me mostrar a ti como um sol, se meu interior está em trevas?

Não consigo achar motivos se me perguntares, só que a chama que fluía dentro de mim foi se ofuscando conforme a vida foi se dando.

Que pensas? Se o brilho dos meus olhos já não traz nada, nada posso levar deste nada. Os poucos rastros que está amarga vida trilhou no meu coração me deixaram muitas fagulhas de frustrações e poucas fotos em preto e branco nas paredes que nem ao piores roubam um sorriso momentâneo

(mulher)

__ Se não sou a causadora de tua dor, se não trago comigo nem a doença nem a cura, como posso eu ti ajudar?

Se meu chá já não ti acalma, nem minhas piadas mudam teu semblante, ando contigo por teus abismos sem culpa.

(homem)

__ Os abismos que trilho nem eu mesmo os defino são apenas anagramas que não reconheço apenas vivo, então como podes andar comigo pelo mesmo caminho que percorro, quando nem eu mesmo sei onde meus passos me levam. Não! Estúpidas palavras me deram teus lábios neste segundo, escurecendo ainda mais minha razão, pois a culpa a qual ti martiriza pesas sobre o meu eu neste minuto.

Este riacho que secou, onde não é mais usado como habitat de vida, está sem rumo buscando o que foi perdido, o sentido que talvez nunca houvesse calado no silencio e que muitas vezes foi entorpecido pelo ópio da solidão...

(bruscamente a mulher interrompe o homem)

__ homem tolo este que vim amar, que solidão é está que exprimis, se teus filhos e netos sempre frente a tua face estiveram, se toda sua vida obteve o que quis comes e bebes bem, e teus servos estão sempre apostos a ti auxiliar.

Como podes estar só? Se todos os que ti amam sempre estão ao teu redor, ti enriquecendo de bajules e mimos.

Que barco é este que não encontra cais, se o cais sempre a espera está para que possa atracar.

__ Pássaro selvagem!

Não foi o ninho que ti abandonou, você que nesta hora resolveu fazer vôos distantes...

(homem)

__ Que culpa tenho se perdi o controle de minhas asas, e as mesmas me levaram a conviver em uma caverna escura onde morcegos calados não me reconhecem?

O medo da claridade me retrai ao sombrio, agora minha visão se queima frente a luz e não enxerga o que ela me traz.

(mulher)

__ Doente estas, não sei bem do que padece, mas se você mesmo não buscar as respostas para suas interrogações quem o fará?

guido campos
Enviado por guido campos em 17/06/2007
Código do texto: T530679
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