SOU PALAVRA(S).
As palavras que sangram em mim não são músicas, nem lamento;
É tormento que traduz, mas não extirpa a dor de meu peito,
O sofrimento, a tristeza dos sonhos desfeitos,
Não cura a ferida aberta pela traição.
São palavras nascidas da incerteza, da morte da esperança,
Da angústia de viver sem sonhos nem paixão.
Mas também são palavras de esperança, confiança,
Certeza de um amanhã melhor;
São palavras que brincam com minha ingenuidade;
Que apesar de toda tristeza e desencanto
Insiste em acreditar na vida e no ser humano.
Que indiferente a dor e desespero nascidos da desilusão
Quer continuar sorrindo e sendo feliz.
Que se recusa a perder a esperança
E segue firme na luta pela felicidade.
São palavras teimosas, que acreditam no amor e prega o perdão.
As palavras que nascem em mim, por mais duras,
Cruéis e violentas que sejam sempre nascem
Da vontade inviolável de viver e ser feliz.
Palavras. Minhas companheiras,
Que (nem) sempre traduz o meu pensar,
Mas sempre expressam o meu viver.
Sou feita de palavras ditas, escritas,
Pensadas e outras jamais confessadas.
Sou palavra(s).