Manhã de 13 de maio de 2015

Se o amanhã chegasse mais cedo

Vade retro maçarico do cão! Manhã quente e os olhos passeiam no belo céu das seis da manhã. Fugindo do assunto: Quando fiz minha primeira tatuagem, em 1989, lembro-me de haver muita rejeição por parte dos mais conservadores ou aqueles que se preocupam muito com a vida alheia e esquecem a própria... Foi aquele velho discurso: o corpo (pele) é a casa de Deus. Ô meu irmão... – e vai continuar sendo – se assim ele quiser –, mas se vai morar na casa tem que entender que o “dono” tem o poder de arrumá-la e adorná-la do jeito que lhe convier. Voltando ao assunto: “cadê o retorno?”. Os cães já elétricos e espertos procuram o lugar certo para fincarem suas nada cheirosas marcas, sólidas e líquidas. A grama ainda molhada pelo orvalho (agora também por uma urinada), o cheiro de verde que invade e a vontade de estar mais perto possível de uma paz qualquer... Aquela minha. Falando em paz: nunca fui um cara de gostar de paz. Me identifiquei muito com a roqueira Pitty, a qual gosto muito, quando a mesma falou que podem desejar tudo à ela, menos paz; ela não quer paz, ela gosta de agitação; e deixou bem claro na música “A sombra” quando escreveu: “Enquanto há desejo não há paz.”. Voltando ao rabisco e continuando falando de paz: “cadê o retorno?²”. Mas eu quero paz nesse momento e foi isso que fiz... Hora certa para uma meditação ao ar livre, um banho frio e em seguida um café quente, torrada e queijo coalho e atum, e a leitura das notícias até as oito... Quando os pés procuram a rua. Nessa alma nova e nua estacionei meu altruísmo, esculpi no oportunismo de um novo homem toda a estátua nada inerte, toda extra móvel e reticente; fiz nova armadura de aprendiz. Nesse chão novo o mármore importado dos melhores (sou eu que piso e imagino como quero); à cama nova há uma convidativa habitação, um leito quente e macio de fazer criar raiz. Ah, e tem a rede, para leituras, ouvir um som e apreciar o céu, as estrelas, a lua ou o sol. Agora o liso torna-se ondulado e vem ondulando em ondas médias, da causar inveja de beber cerveja sem álcool e ficar bêbado. Chega à mente a música perdida no ar, na atmosfera, na estratosfera ou somente na minha cabeça. Bate continência! Eu obedeço! Bate a cabeça na parede! Assim não! Nem tanto! A música chega embriagando, sedenta, chega batendo forte, boxeando e derrubando gigantes. Caso existissem. Aliás, existem... Tenho um amigo com um metro e noventa e tantos. A boca antes ressecada e amargurada agora se deleita em fundas águas, em mel e leite, em pão de queijo e goiabada, em um pedaço de cocada, pé de moleque, gengibre... Ou só em eucalipto e alfazema. Poderia até ser um problema... E é! Há diversos estereótipos muito comuns no nosso peregrinar pela bola; há alguns selos que tentam colocar em nossas costas. Na busca do acústico deitando sereno no ouvido, peguei o “hang drum” e tentei acompanhar um som que ouvia. Fiasco! Acho que a ferrugem do ouvido para acompanhar me atropelou. “cadê o retorno?³”.

André Anlub